quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Como escolher bem os livros didáticos

Conheça alguns critérios para promover uma seleção consciente das obras que serão usadas nas séries iniciais do Ensino Fundamental

A cada três anos, as escolas da rede pública brasileira passam pelo mesmo ritual: a seleção das publicações que vão complementar os estudos dos alunos e ajudar o professor a ensinar. Esse processo faz parte do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e é organizado por segmento. Em 2012, serão selecionadas as coleções para os anos iniciais do Ensino Fundamental que estarão em uso em 2013, 2014 e 2015.

Mas o que deveria ser um momento formativo e propiciar uma análise criteriosa das obras nem sempre recebe a devida importância. Não raro, elas ficam expostas na biblioteca, no corredor ou mesmo no refeitório, enquanto os professores definem as que querem usar em sala de aula. Dessa forma, corre-se o risco de escolher uma coleção cuja proposta pouco ou nada tem a ver com as expectativas de aprendizagem da comunidade atendida pela escola.


"O ideal é promover uma discussão aprofundada para que a seleção seja feita de forma democrática e apoiada nas concepções definidas no projeto político-pedagógico
(PPP) e no Plano de Educação da rede", afirma Miriam Orensztejn, formadora da Comunidade Educativa Cedac, de São Paulo.

Parece que isso vem ocorrendo: enquete feita no site e nas páginas das redes sociais de GESTÃO ESCOLAR e NOVA ESCOLA mostra que 56% dos professores tomam as decisões com os coordenadores e eles avaliam, antes de tudo, se as coleções das quais gostaram estão alinhadas às demandas dos alunos e dos docentes. Os dados foram colhidos no dia 30 de janeiro.


"Para isso, é importante que a equipe gestora tenha clareza de seu papel em todo o processo", ressalta Suzana Mesquita Moreira, coordenadora pedagógica da Escola Projeto Vida, em São Paulo. Diretor e coordenador pedagógico podem fazer uma pré-seleção dos livros antes de disponibilizá-lo ao corpo docente. "É interessante verificar se os exemplares usados nos anos anteriores atingiram os objetivos", afirma Marta Durante, diretora pedagógica da Escola Santi, em São Paulo
(leia outros critérios na próxima página). Também é válido conhecer o ponto de vista dos alunos e perceber se eles se envolveram com as propostas. Um instrumento fundamental para apoiar essa avaliação é o Guia de Livro Didático, publicação distribuída pelo Ministério de Educação (MEC), que traz uma série de dicas e sugestões para ajudar os docentes na seleção.

Na EMEF Faruk Salmen, em Parauapebas, a 645 quilômetros de Belém, o diretor e o coordenador se reúnem com a equipe docente durante dois dias, após o horário de aula, para escolher os livros. Professores mais experientes formam grupos com os novatos. Juntos, eles definem um item do currículo para analisar como ele é trabalhado pelas diferentes coleções, verificando a proposta temática, os conteúdos e as habilidades e competências que o material ajuda a desenvolver. Após o debate, a decisão final é tomada coletivamente. A diretora, Edna Mesquita, diz que participa de todo o processo, procurando deixar clara a sua opinião: "Fico atenta principalmente para verificar se a seleção condiz com a nossa proposta pedagógica. Caso isso não aconteça, meu dever é alertar a todos".


Para que essa experiência sirva de base para futuras decisões, os debates devem ser registrados e acrescentados ao PPP.

 

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